domingo, novembro 25

Ao amor da minha vida.

De verdade, meu bem, eu não acredito que você exista. E se já comecei pensando assim, boa coisa não vai sair dessa minha carta. O fato é que eu ando meio desacreditado, achando que toda a minha vida amorosa e essas coisas que a gente pode englobar nela são todas umas fraudes. Eu sou uma fraude, pra ser exato. Escrevo sobre amor, faço os outros acreditarem e nem eu mesmo acredito numa única palavra que sai da minha boca. Mas hoje eu estava pensando e cheguei à conclusão de que, se não for por amor, que seja por você.
Que eu te encontre num dia ensolarado, nublado, chuvoso, com névoa e te diga alguma coisa. Que eu te reconheça no momento exato em que puser meus olhos em você. E que você saiba que houve um encontro ali. Que você esteja vestido de vermelho, amarelo, azul, verde, preto e branco. Que você me ache engraçadinha, pelo menos. Quem sabe tímida, quem sabe babaca demais, quem sabe charmosa, quem sabe eu nem te chame a atenção. Mas que você me veja com bons olhos e eles encontrem os meus. Que eu acerte a cor dos seus olhos numa brincadeira qualquer. E que aí você perceba o quanto eu te enxergo em tão pouco tempo. Que você seja amigo de algum amigo, ou da gerente do banco, ou do colega de faculdade, ou do menino bonito da balada, ou filho da amiga da minha mãe. Que você se encante comigo de alguma maneira. Que você se permita me conhecer melhor e saber que eu sou legal, ou que sou interessante, ou que não tenho nada a acrescentar a você, ou que eu sou uma completa egoísta, ou que eu tenho um blog bacana que fala dessas coisas bonitas que as pessoas acreditam. Mas que você não seja um ponto final. Que seja as aspas, as reticências, o parágrafo, o travessão. Que você seja.

Daniel Bovolento

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