"(...)Eu odeio que encostem o cotovelo, a bunda ou uma cerveja molhada
em mim enquanto eu tento encontrar um espaço para dançar. Eu odeio que
encostem em mim, odeio a pele de um desconhecido indesejado.
(...)Odeio homens que olham para bundas como se admirassem uma carne
pendurada no açougue e odeio mais ainda quando fazem bico e aquele sim
com a cabeça, tipo "concordo com o mundo que ela é muito gostosa". E se
ele fizer aquela chupada pra dentro do tipo "hmmmmm delícia" já é algo
que ultrapassa os limites do meu ódio.
(...)Odeio mau hálito e mais ainda o fato de que justamente as pessoas
podres são aquelas que falam mais baixo e nos obrigam a ter que chegar
perto. Eu odeio machismo, submissão e mais do que tudo isso ter que ser
forte o tempo todo e não ter um ombro másculo para chorar até minha
última gota desamparada.
(...)Odeio pessoas muito oleosas, muito peludas, muito suadas e acima de
tudo meninas que cheiram a lavandas e gostam de adesivos de ursinho.
(...)Odeio quem comemora porque passou numa faculdade que meu primo de 8 anos passaria e quem diz "peguei a mina".
(...)Odeio quem passa o dia no shopping com a família, churrascaria com
aquele desfile de bichinhos mortos, principalmente porque você está lá
tranqüilamente comendo e vem alguém com um espeto (que é grosseiramente
imposto ao seu lado), te espirra sangue, fala um nome idiota e você
nunca sabe exatamente de que parte se trata.
(...)Odeio meninas caçadoras de homens ricos mas odeio sair com um cara
que está tentando começar um relacionamento e ter que rachar a conta,
seria mais simpático me deixar pagar a conta toda. Rachar é péssimo.
(...)Dividir banheiro, pêlo alheio em sabonete, acordar cedo e meninas adolescentes peruas com voz de pato.
(...)Quando eu era criança sonhava todas as noites que arrancava os
olhos de todo mundo e só eu podia enxergar o quanto era feio eu ser como
sou.
Tati Bernardi
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