domingo, abril 10

Enquanto todos esperavam sua queda, ela acompanhou os pássaros e as borboletas.

Ela escolheu o prédio mais alto do centro da cidade.
Aproveitou que ninguém a vira entrar -  mesmo porque há dias parecia ter se tornado invisível - e subiu as escadas correndo. Com pressa.
A princípio de 2 em 2 degraus. Tinha tanta pressa !
Quando se cansou, galgou cada degrau. Mas não parou. Nem quando suas pernas pediram. Não parou.
Não podia parar. Era o topo que queria. Quanto mais alto melhor.
O último andar? Não, o teto dele!
E de lá dava pra ver toda a cidade. Eram quase 6 da tarde. Os carros. As pessoas. Os corações partidos. Os tantos e o seu também!
Ela deu alguns passos pra trás. Respirou fundo.
E sem pensar de novo, correu. Abriu os braços e fechou os olhos.
Pulou.
As pessoas tão pequenas lá embaixo pararam todas pra ver a queda.
Mas ela não tinha pulado pra cair.
Sabia que coração partido não se cura com a morte. Mas com a liberdade de voar. De voar pra longe.
Enquanto todos esperavam sua queda, ela voou pra longe.
Enquanto todos esperavam sua queda, ela acompanhou os pássaros e as borboletas.
E no seu MP4, a Adele cantava repetidamente Turning Tables, no volume mais alto, do mesmo jeito que o seu coração batia forte...
Não a viram mais por aquelas bandas. Mas tem gente ainda olhando pro céu da movimentada avenida procurando-a por lá...
Ela está curando o coração partido. Disse que está aprendendo com as borboletas.
É fácil aprender com elas...

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